
Justiça de gênero, Poder da juventude
Justiça de gênero
O casamento infantil, precoce e forçado devastou a vida de inúmeras meninas na África, roubando-lhes a infância, a educação e a saúde, e continua sendo uma questão crítica que as próprias meninas levantam constantemente na Cúpula das Meninas Adolescentes (AGS), um encontro bianual que reúne meninas adolescentes de diversas origens para amplificar suas vozes e defender seus direitos.
A assinatura da Lei de Proibição do Casamento Infantil em Serra Leoa em 2 de julho de 2024 marca uma vitória monumental para todos que têm defendido incansavelmente os direitos das meninas. Esta nova lei introduz uma pena mínima de 15 anos de prisão e uma multa de aproximadamente $4.000 para qualquer homem que se case com uma menina menor de 18 anos. Ela também proíbe a coabitação com uma criança e impõe multas a qualquer um que organize, auxilie ou participe de tais cerimônias de casamento. A notícia desta legislação foi recebida com ampla celebração entre meninas e meninos adolescentes, parceiros da GFC e organizações não governamentais nacionais e internacionais que passaram anos conscientizando sobre os efeitos devastadores do casamento infantil, precoce e forçado.
De acordo com as Pesquisas Demográficas e de Saúde de Serra Leoa de 2019, 30% de meninas em Serra Leoa se casam antes de completarem 18 anos. Em 2020, havia 800.000 noivas-crianças, metade das quais se casaram antes de completarem 15 anos, de acordo com a UNICEF. Os casamentos infantis alimentam a alta taxa de gravidez na adolescência em Serra Leoa, onde, tragicamente, as complicações na gravidez são a principal causa de morte de meninas de 15 a 19 anos”, de acordo com a Human Rights Watch (HRW). O casamento infantil é uma questão profundamente arraigada não apenas em Serra Leoa, mas em toda a África, onde normas tradicionais e culturais frequentemente empurram as meninas para o casamento antes que elas atinjam a idade adulta. Essa prática não apenas as rouba da infância, mas também limita severamente suas oportunidades de educação e independência econômica, perpetuando ciclos de pobreza e desigualdade.
O impacto imediato desta lei é a proteção legal que ela oferece às meninas, garantindo que elas não sejam mais coagidas a se casar contra sua vontade. Esta legislação envia uma mensagem poderosa às comunidades de que o casamento infantil não é mais aceitável. Ela desafia normas culturais arraigadas e capacita as famílias a priorizar a educação e o bem-estar de suas filhas.
Um dos resultados mais significativos desta nova lei será seu papel na promoção da educação de meninas. Pesquisas mostram consistentemente que meninas que não são forçadas ao casamento precoce têm mais probabilidade de permanecer na escola, concluir sua educação e contribuir significativamente para suas comunidades e a economia. Portanto, esta lei não é apenas uma ferramenta de proteção; é também um catalisador para o empoderamento, permitindo que as meninas persigam seus sonhos e se libertem das restrições do casamento precoce. No entanto, embora a aprovação desta lei seja uma conquista significativa, sua implementação efetiva exigirá esforços sustentados. Mudar práticas culturais de longa data é desafiador, e provavelmente haverá resistência de alguns setores. Ao celebrarmos este marco histórico, devemos permanecer vigilantes e firmes em nosso compromisso com o trabalho que temos pela frente. Embora reformas legais, como a proibição do casamento infantil, sejam cruciais, elas representam apenas o passo inicial em direção a uma mudança significativa. Para traduzir esta lei em benefícios tangíveis para as meninas, devemos continuar a nos envolver ativamente com líderes comunitários, pais e educadores para mudar as normas culturais e eliminar as pressões sociais que impulsionam o casamento precoce.
Além disso, iniciativas educacionais são igualmente importantes; elas equipam meninas com as ferramentas, conhecimento e habilidades necessárias para perseguir seus sonhos e contribuir para suas comunidades. A educação empodera meninas não apenas academicamente, mas também social e economicamente, permitindo que elas desafiem normas existentes e defendam seus direitos.
Igualmente essencial é a inclusão das próprias meninas como participantes ativas na jornada para concretizar seus direitos. Suas vozes e perspectivas são vitais para moldar intervenções e programas eficazes que abordem diretamente suas necessidades e aspirações. Empoderar meninas para assumir a liderança em discussões sobre seus futuros cria nelas um senso de agência e autoconfiança que é crucial para seu desenvolvimento.
Além disso, a advocacia deve continuar para que o governo estabeleça sistemas de apoio abrangentes para garantir a segurança, a saúde e o bem-estar das meninas. Isso inclui acesso a cuidados de saúde, serviços de aconselhamento e espaços seguros onde as meninas podem se expressar livremente e buscar ajuda quando necessário.
Somente por meio dessa abordagem holística podemos garantir que a lei não exista apenas no papel, mas também leve a uma mudança real e transformadora em toda a Serra Leoa. É uma responsabilidade coletiva — uma que requer colaboração entre todas as partes interessadas, incluindo governos, organizações não governamentais, membros da comunidade e as próprias meninas.
Desde 2020, os jogadores de Loteria do Código Postal do Povo ajudaram a GFC a transformar a vida de milhares de crianças e jovens ao redor do mundo. Somos profundamente gratos aos jogadores da People's Postcode Lottery por apoiarem o Adolescent Girls Summit.