No distrito de Bo, em Serra Leoa, o Programa de Desenvolvimento Integrado para Adolescentes está oferecendo aos jovens oportunidades para discutir suas preocupações, aprender sobre saúde reprodutiva e desenvolver autoconfiança.

As adolescentes na Serra Leoa enfrentam muitos desafios. A Serra Leoa tem uma das maiores taxas de gravidez na adolescência do mundo, e o casamento infantil é comum. Essas questões podem colocar os adolescentes em maior risco de violência de gênero e dificultar que eles concluam seus estudos.

Para Veronica Fannah, fundadora e diretora da Programa de Desenvolvimento Integrado para Adolescentes (IDP4T), esses desafios não podem ser adequadamente enfrentados quando os adultos são os únicos envolvidos em encontrar soluções. Verônica acredita que os adolescentes devem participar de discussões sobre essas questões e ter acesso a espaços onde se sintam ouvidos.

“Uma coisa que aprendemos é que as meninas sabem dos problemas que as afetam, mas devido à falta de recursos e conhecimento, elas ficam quietas porque os adultos geralmente as deixam de fora quando se trata de tomada de decisões”, explicou Verônica.

Por meio do programa Teen Talk, o IDP4T oferece aos adolescentes de 13 a 19 anos um espaço seguro para discutir suas preocupações, aprender sobre saúde reprodutiva e construir sua autoconfiança. Por seis meses, os adolescentes se reúnem periodicamente em grupos de 25 em escolas locais e na comunidade. Os participantes que se destacam no programa são incentivados a ajudar a facilitar as reuniões para a próxima coorte. O objetivo é capacitar os jovens a exercer a agência sobre seus corpos e tomar decisões de vida informadas.

[image_caption caption=”Durante a pandemia, o IDP4T distribuiu máscaras para adolescentes. © IDP4T” float=””]

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Além do Teen Talk, o IDP4T fornece serviços diretos a jovens sobreviventes de violência e tráfico e oferece suporte e aconselhamento a mães adolescentes para que elas possam continuar sua educação. A organização também aumenta a conscientização sobre higiene menstrual e fornece às adolescentes absorventes menstruais e um livreto do ciclo menstrual para que elas possam monitorar seus períodos. O IDP4T acredita que criar conscientização e abertura é uma das maneiras mais eficazes de desenvolver a capacidade dos pais e escolas de ensinar as meninas a administrar adequadamente sua higiene menstrual.

“Para nós, o aspecto da saúde é realmente fundamental”, disse Verônica.

Os programas do IDP4T são abertos a meninos e meninas porque a organização acredita que é importante envolver os meninos para empoderar as meninas. “Eles também passam por seus próprios traumas silenciosos sem se comunicar”, explicou Veronica. “Então, se deixarmos os meninos de fora, no final das contas, qualquer trauma que eles estejam passando, isso pode ser infligido às meninas.”

Quando Veronica fundou a IDP4T em 2019, depois de quase uma década trabalhando com meninas adolescentes e suas famílias na World Vision, ela vendeu sua propriedade para financiar a organização. Ela também aproveitou o apoio de amigos e voluntários. Seu trabalho anterior e seu apoio pessoal a meninas adolescentes que tiveram gestações indesejadas, bem como sua experiência de sentir que não tinha ninguém com quem conversar quando adolescente, inspiraram Veronica a reunir adolescentes para educá-los sobre saúde sexual e reprodutiva e ajudá-los a desenvolver habilidades para a vida.

[image_caption caption=”Um treinamento de habilidades para jovens no centro de treinamento do IDP4T. © IDP4T” float=””]

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O IDP4T tornou-se parceiro do GFC pela primeira vez em 2020, juntando-se ao Iniciativa para acabar com a violência contra as meninas na África Ocidental, que é uma parceria entre Fundação Tides, Loteria do Código Postal do Povo, e GFC. Na época, o IDP4T ainda estava no processo de definição de seus programas e estratégias, disse Veronica, mas com o apoio do GFC, a organização definiu sua teoria de mudança e está reorganizando seu trabalho em comunidades rurais e escolas para resultados mais sustentáveis.

“Agora, sabemos para onde estamos indo”, ela disse. “Com a GFC, estamos chegando lá.”

O IDP4T também criou algumas maneiras criativas de arrecadar dinheiro em eventos ao ar livre durante a pandemia. Em dezembro, por exemplo, a organização sediou uma competição de talentos para motociclistas em colaboração com o Holistic Empowerment of Minors with Disability and Equity Forum (HEMDEF), outra organização local sediada em Bo. Além de arrecadar dinheiro, o evento aumentou a conscientização sobre a prevenção da violência de gênero. Como muitos dos participantes do evento trabalham como mototaxistas transportando crianças para a escola e mulheres para seus empregos, o IDP4T sentiu que era importante educá-los sobre como eles podem ajudar a manter as meninas seguras.

Embora Veronica esteja animada com o crescimento do IDP4T, ela também se preocupa com os impactos da pandemia da COVID-19 em adolescentes em sua comunidade. Ela está preocupada que o fechamento de escolas levará a um aumento nas taxas de gravidez e evasão escolar na adolescência.

Mas, ela acrescentou, ela se sente encorajada pelo progresso que o IDP4T fez em suas comunidades. Muitos adolescentes agora se sentem confortáveis em vir até Veronica e sua equipe para obter apoio quando estão enfrentando um problema, em vez de tentar lidar com ele sozinhos.

“A maioria deles, quando enfrentam seus desafios, vêm falar conosco”, disse Verônica.

Foto do cabeçalho: Uma colagem de fotos do IDP4T. © IDP4T

Foto em destaque: Vicky, uma das educadoras de pares do IDP4T. © IDP4T